CARBOIDRATO DURANTE O EXERCÍCIO

CHO pré-treino

A suplementação de carboidrato durante a atividade física aumenta o desempenho do atleta ao poupar o glicogênio muscular e ao disponibilizar adequada glicose sanguínea nas etapas finais do exercício, em que há uma maior taxa de oxidação dos carboidratos.

A taxa máxima de oxidação do carboidrato exógeno é de 1,0 a 1,2 gr/kg/min, então, os atletas devem ingerir em torno de 30 a 60 gr de carboidrato por hora.
Para evitar desconfortos gastrointestinais, a solução de carboidrato deve ser de 6 a 8% e o consumo deve ser iniciado junto com a atividade.

Segundo os principais guidelines da medicina e da nutrição esportiva (ISSN, ACSM e IOC), o uso de CHO é indicado se:
1-A atividade for contínua e durar mais de 60 min.
2-A atividade for sustentada e de alta intensidade e durar mais de 45 min.
3-O exercício aeróbico for do tipo Stop and Start e durar mais de 60 min (Ex: futebol).
O consumo inadequado de carboidrato pode causar sintomas durante o exercício, como: baixo nível de energia, pernas pesadas, fadiga, taxa lenta de recuperação, falta de concentração, tonteira, irritabilidade e sensação de desmaio. Caso você estiver apresentando algumas destas queixas, deve ser avaliado a prescrição de carboidrato intra-treino.

Esta suplementação é exclusiva para os atletas que desejam hipertrofia e melhora de desempenho e não deve ser prescrita para quem está no processo de perda de peso ou de definição muscular. Seja sempre acompanhado por um especialista

ANABOLIZANTES E FUNÇÃO REPRODUTIVA FEMININA

Anabolizantes e função reprodutiva feminina

 

O uso de esteróides anabolizantes na mulher pode levar a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-ovário que controla a função reprodutiva feminina. ⠀

Durante e após o ciclo dos esteróides anabolizantes a mulher pode apresentar cólica menstrual, irregularidade menstrual e anovulação.

As alterações reprodutivas são reversíveis na maioria das vezes e o tempo necessário para esta regularização depende da dose, da quantidade e dos tipos de esteróides utilizados. Exemplificando, com o uso de substâncias de depósito estas alterações podem persistir por mais de 20 meses.

O uso de anabolizantes na mulher é sempre complicado. Em alguns casos, apesar da utilização dos esteróides, a mulher ainda pode ovular ou até mesmo já ter ovulado antes da utilização, havendo a possibilidade de uma gravidez que evoluirá para um aborto ou para uma má formação fetal.

A mulher que fez uso de anabolizantes e deseja engravidar deve procurar um endocrinologista para verificação da funcionalidade do eixo reprodutivo e, principalmente, para pesquisa de resquícios hormonais que poderiam levar a uma malformação congênita (inclusive uma hermafroditização fetal)

EXERCÍCIOS APÓS A CIRURGIA PLÁSTICA

Atividade física e cirurgia plástica

 

Uma dúvida frequente entre pacientes é com relação à pratica de exercícios físicos após o procedimento cirúrgico. É fundamental, principalmente em cirurgias ligadas ao contorno corporal. Como os músculos estão abaixo da gordura e da pele, se eles estiverem tonificados, o resultado será melhor. O tempo  para o retorno à academia depende muito da região operada. Enquanto houver pontos na região operada, a atividade física não é liberada. A intensidade dos treinos deve ser leve inicialmente e, gradualmente, ser intensificada. De maneira generalizada, uma noção de tempo de retorno. Lembrando que cada caso é diferente e o cirurgião plástico deve sempre ser consultado!!!

– Cirurgia de mama: exercícios de braços só são liberados após 2 meses.

– Lipoaspiração: 3 a 4 semanas

– Face: 1 mês, já esportes de contato devem ser evitados por 2 meses

– Nariz: 3 a 4 semanas. Evitar esportes de contato por 2 meses

– Prótese de glúteo: 90 dias em média.

Este é um texto modificado do Dr. Paulo Henrique Laia

SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS E ATIVIDADE FÍSICA

Ao contrário do que muitas mulheres pensam, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) é diferente de ovários policísticos. A SOP é uma desordem metabólica e aumenta o risco de doenças cardiovasculares.

O aumento da resistência insulínica e da insulina plasmática, com alteração do colesterol e aumento dos marcadores inflamatórios, é o que caracteriza a gravidade desta síndrome.

Por isso, estudos recentes compararam alguns tipos de treinamento para identificar qual exercício é mais eficaz quanto ao melhoramento da resistência insulínica em pacientes com SOP. Numa avaliação feita entre HIIT, musculação e aeróbico, o HIIT foi o único a demonstrar resultados satisfatórios, independentemente da perda de peso ou da dieta.

A síndrome dos ovários policísticos é diagnosticada a partir da confirmação de 2 dos 3 critérios: microcistos ovarianos (12 ou mais cistos de 2 a 9 mm na periferia ovariana ou um volume ovariano > 10 ml), excesso de hormônios masculino (sinais clínicos e/ou aumento da testosterona plasmática) e alteração menstrual.

A SOP é a endocrinopatia mais comum em mulheres na idade reprodutiva (20% das mulheres) e é uma das principais causas de infertilidade.

Tem SOP ou sofre com desordem hormonal? Faça o acompanhamento com um endocrinologista. Só assim conseguimos controlar as funções metabólicas e evitar problemas colaterais.

SERÁ QUE OS MEUS SUPLEMENTOS SÃO EFICIENTES E SEGUROS?

Não jogue fora o seu dinheiro e a sua saúde!

A tentativa desesperada para conseguir hipertrofia ou definição muscular tem levado ao uso disseminado e descontrolado de suplementos alimentares, mas muitas vezes estes suplementos não possuem eficácia ou segurança comprovada.

Veja abaixo em qual categoria o suplemento que você usa foi classificado pela Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva. Se estiver entre as 2 últimas, repense a sua escolha.

APARENTEMENTE EFETIVOS E GERALMENTE SEGUROS: hipercalóricos, creatina, proteínas, aminoácidos essenciais, alimentos de baixa caloria, cafeína, soluções com carboidratos e eletrólitos, fosfato de sódio, bicarbonato e beta-alanina.

POSSIVELMENTE EFETIVOS: B-hidroxi B-metilbutirato em destreinados (HMB), BCAA, cálcio, ácido linoleico conjugado e extrato de chá verde.

EFETIVIDADE MUITO CEDO PARA DIZER: a-Cetoglutarato, a-Cetoisoproato, ß-Ecdisterona (Cyanotis vaga), peptídeos e secretagogos do GH, ornitina a-Cetoglutarato (OKG), zinco-magnésio-aspartato (ZMA), quitosana, fosfatidil colina (lipostabil), betaína, coleus forskohlii, dehidrotestosterona (DHEA), nutrientes e ervas psicotrópicas e triglicérides de cadeia média.

APARENTEMENTE INEFICAZES OU PERIGOSOS: glutamina, isoflavona, smilax, boro, cromo, sulfo-polissacarídeos, gamma oryzanol, pró-hormônios, tribullus terrestris, vanádio, piruvato de cálcio, quitosana, L-Carnitina, fosfatos, ervas diuréticas, ribose eiInosina.

Precisando de ajuda para fazer as suas escolhas? Busque orientações com um endocrinologista. As suplementações não devem ser tomadas aleatoriamente. É preciso uma avaliação séria e integral do seu corpo.

PERIODIZAÇÃO DA INGESTÃO DE CARBOIDRATOS (“Training low and competing high“).

Quando sessões agudas de treinamentos de endurance são completadas em um estado de depleção de glicogênio (Dieta Low-Carb), aparentemente há um aumento da transcrição das enzimas envolvidas no metabolismo do carboidrato, além de um aperfeiçoamento da resposta adaptativa a favor da queima de gordura.

É importante que os atletas realizem treinos no estado de depleção de glicogênio muscular (Dieta Low-Carb), para induzirem uma melhor resposta ao treinamento e, depois, próximo da competição, troquem a dieta por uma rica em carboidrato para garantir uma otimização da performance, já que nesta janela temporal, tanto o metabolismo dos carboidratos como o das gorduras estarão aprimorados.

Deve-se ter atenção que a dieta com pouco carboidrato e maior concentração de gordura deve ser realizada ocasionalmente e nunca cronicamente, pois, deste modo, a alteração metabólica a longo prazo vai induzir um prejuízo do metabolismo dos carboidratos e, portanto, a habilidade de executar atividades em alta intensidade.

A ênfase é mais no “timing“ da periodização do carboidrato, em vez de se seguir uma dieta com baixo carboidrato deliberadamente.

Atualmente, não há pesquisas suficientes que confirmem a melhora da performance com a técnica “training low and competing high“, mas há inúmeros estudos que comprovam que a dieta crônica pobre em carboidrato reduz a capacidade física, piora a técnica e a habilidade do atleta.

ATIVIDADE FÍSICA E FERTILIDADE

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A atividade física pode levar a uma disfunção reprodutiva ao interromper o pulso gerador do GnRH hipotalâmico, que leva a uma redução da produção hipofisária dos hormônios LH e FSH que controlam os hormônios sexuais e a função reprodutiva feminina.

Um estudo com 3887 norueguesas revelou que as mulheres fisicamente ativas na maioria dos dias possuem um risco 3,2 vezes maior de apresentaram um problema de fertilidade do que as mulheres inativas, sendo que as atletas que se exercitam até a exaustão apresentam um risco ainda maior. Felizmente, após cessação da atividade física por um tempo, a fertilidade dos 2 grupos se igualou.

Outro estudo realizado com 2232 mulheres submetidas a fertilização invitro mostrou que mulheres que se exercitam por 4 horas ou mais/semana apresentam 40 % menos chance de sucesso na primeira fertilização invitro ao ser comparada com as mulheres que não se exercitam.

O tipo de atividade e a composição corporal requerida no esporte influencia a função reprodutiva feminina. As ginastas e as bailarinas que treinam vigorosamente desde a infância e apresentam uma porcentagem de gordura corporal extremamente baixa tendem a menstruar 2 anos mais tarde que as meninas menos ativas.

Em média, 25 % das CORREDORAS apresentam uma desordem menstrual, que relaciona positivamente com a frequência dos treinos e a distância percorrida semanalmente.

Devemos lembrar que a menstruação regular não necessariamente quer dizer que a mulher está ovulando e que boa parte das mulheres em idade reprodutiva estão usando anticoncepcional que mascaram as disfunções hormonais associadas ao esporte.

As mulheres fisicamente ativas com dificuldades de engravidar, as atletas profissionais e as atletas recreativas mais avançadas devem sempre ser acompanhadas por um endocrinologista especialista.

Anabolizantes e a alteração da fertilidade.

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O uso dos esteróides anabolizantes pode levar a síndrome do hipogonadismo induzido por esteróides anabolizantes, que é determinada pela supressão da espermatogênese, redução do tamanho testicular, infertilidade e disfunção eréctil.

A testosterona e o estradiol derivado da sua conversão no tecido adiposo são os maiores reguladores do eixo hipotálamo-hipófise-testículo, assim o uso dos esteróides anabolizantes vão causar a supressão dos hormônios LH e FSH hipofisários, levando a redução da produção testicular de testosterona e ao decréscimo da concentração intratesticular da testosterona, e consequentemente, à redução da espermatogênese e da produção de esperma.

Estudos de contracepção hormonal masculina que usaram testosterona sozinha em doses terapêuticas ou em combinação com progesterona induziram uma redução importante (oligoospermia) e até ausência (azoospermia) da produção de espermatozóides. Dos 1549 homens com função testicular prévia preservada que participaram dos 30 diferentes estudos, 67% apresentaram retorno da concentração de espermatózoides acima de 20 milhões/ml em 6 meses, 90% em 12 meses, 96% em 16 meses e 100% em 24 meses.

Nos pacientes que usaram anabolizantes para melhora da performance e aparência, a dosagem é muito superior do que a usada na contracepção hormonal masculina, além de algumas drogas apresentarem efeito de depósito (a nandrolona pode ser detectada na urina por mais de 1 ano após o uso), então, podemos esperar períodos mais longos de 2 anos para completa recuperação.

Segundo os estudos, os pacientes que apresentaram contagem anormal de espermatozóides por mais de 2 anos após o seu uso, provavelmente tinham uma desordem pré-existente da fertilidade. Nestes pacientes, após os 2 anos, a qualidade do espermograma retornou ao padrão prévio ao uso.

Nos pacientes que usam anabolizantes para fins estéticos ou para performance, temos que somar a estes 2 anos o tempo máximo de depósito da droga.

Estudos mostraram que a associação do HCG com os esteróides anabolizantes, apesar de manterem a quantidade de espermatozóides, aumentaram a sua anormalidade morfológica quando comparado ao grupo que só usou esteróides.

Não é aconselhável o uso dos esteróides anabolizantes, mas caso for usar deve-se realizar um check-up hormonal e um espermograma antes. O paciente com infertilidade deve ser acompanhado pelo endocrinologista, pois a melhora do espermograma vai ocorrer apenas se houver o retorno completo do eixo hipotálamo-hipófise-testicular.

QUER EMAGRECER SÓ COM EXERCÍCIOS FÍSICOS?

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É muito comum no consultório endocrinológico a procura por pacientes que se queixam da dificuldade de perda de peso mesmo realizando atividades físicas diárias. Acontece que atividade física apenas não emagrece.

Foi o que mostrou um trabalho publicado no The New England Journal of Medicine, um dos mais bem conceituados jornais de medicina. Neste estudo, 107 obesos com mais de 65 anos foram acompanhados por 52 semanas. Os participantes foram divididos em quatro grupos:
– grupo controle (não exercita e não faz dieta)
– grupo da dieta
– grupo do exercício
– grupo dieta + exercício

Enquanto o grupo dieta e o grupo dieta + exercício perderam quase 10% do peso corporal, o grupo da atividade física, mesmo tendo melhoras significativas no bem-estar e na capacidade física, apresentou a mesma perda de peso que o grupo controle. Ou seja, não tiveram perda significativa.

Extrapolando os resultados do estudos, podemos dizer que as pessoas do grupo que fizeram apenas atividade física, apesar de apresentarem um maior gasto calórico diário, provavelmente possuíam um maior consumo energético diário. É porque, para compensar o gasto energético do exercício, o nosso corpo nos manda estímulos hormonais para aumentar a ingestão alimentar diária, o que muitas vezes não percebemos.

Então, fazer atividade física não adianta?
A atividade física AJUDA na perda de peso, mas o essencial é uma dieta hipocalórica.

O exercício tem um papel bem mais importante na manutenção do peso perdido do que no emagrecimento propriamente dito. Algo de extrema importância, já que manter o peso é mais difícil do que emagrecer. Além disso, ao associar o exercício à dieta, perde-se proporcionalmente mais gordura, preservando, assim, a massa muscular.

DIETA PARA DEFINIÇÃO MUSCULAR

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Para uma definição muscular ideal devemos perder a maior quantidade de tecido adiposo possível com a menor perda de massa muscular.

Conforme já explicado no post ”É possível emagrecer e hipertrofiar ao mesmo tempo?” oriento que devido a mecanismos hormonais sempre que perdemos gordura perdemos um pouco de massa muscular também.

Para reduzirmos ao máximo a perda de gordura devemos elaborar uma dieta com 1,8 a 2,7 gr de proteína/Kg (quantidade superior do que para hipertrofia), com 3 a 4 gr de carboidrato/kg e com 0,5 a 1,0 gr de gordura de alta qualidade/kg de peso corporal.

Deve-se praticar exercícios de resistência (musculação) pelo menos 2 x por semana associado com atividade aeróbica variada por 5 a 6 X por semana.

Mas em relação a quantidade de caloria dietética, como devemos proceder? Sabemos que para perder 1 kg de peso por semana deve-se reduzir da dieta 500 kcal ao dia (3500 kcal por semana), porém deste valor quanto perdemos de gordura e quanto perdemos de massa livre de gordura? Quanto maior a porcentagem de gordura corporal do paciente, proporcionalmente maior será a perda de gordura, porém aquele paciente que já é magro e deseja uma definição muscular pode perder até 50% do peso em massa muscular.

No paciente que deseja uma definição muscular a dieta deve ser preparada com muito cuidado e deve ser realizado cálculos específicos. Inicialmente através de fórmulas, como a de Harris- Benedict ou Cunningham, que através dos dados do sexo, idade, altura e nível de atividade diária calculamos o metabolismo basal e o gasto calórico diário. Depois devemos calcular aproximadamente o gasto energético da atividade física realizada (Cálculo de METs – através dos dados do tipo da atividade física, intensidade, peso do paciente e tempo da atividade realizada).

Ao prescrever a dieta devemos subtrair o valor dietético diário que será oferecido (obtido pela redução de 200 a 500 kcal do gasto calórico diário) pelo gasto da atividade física realizada (METs). Esta subtração nos fornecerá a ENERGIA DISPONÍVEL ESTIMADA (estEA), que para evitar a perda máxima de massa muscular deve ser de 30 a 45 kcal/kg de massa livre de gordura/dia (dados fornecidos pela avaliação da composição corporal – aferições da pregas cutâneas, bioimpedância ou DEXA).
Uma dieta abaixo de 30 kcal/dia levará a perda importante da massa muscular e poderá levar também a síndrome da mulher atleta, que é definida pela irregularidade menstrual, distúrbios alimentares e predisposição a osteoporose, além levar a imunodepressão do atleta.

Então, caso você for ao médico/nutricionista com desejo de realizar um tratamento de definição muscular e sua dieta não for específica para você (definida por cálculos) e não for avaliado sua composição corporal, te aconselho a procurar outro especialista.